Mais de três anos após iniciar a venda da participação que possui na Terminais Portuários da Ponta do Félix, em Antonina (PR), a Previ vive dias de incerteza sobre a conclusão do negócio. A proposta de compra que recebeu do consórcio que tem como principal integrante a canadense Potash Corporation of Saskatchewan (PCS), uma das maiores produtoras de componentes para fertilizantes do mundo, enfrenta um entrave: o terminal, hoje, só está autorizado a movimentar carnes e cargas congeladas, o que o torna menos atraente. Embora já tenha operado com fertilizantes e outras cargas, como madeira e papel, o Ponta do Félix teve essas licenças revogadas em fevereiro pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), autarquia estadual que concedeu o terminal à iniciativa privada em 1994. A Previ é dona de 43% do empreendimento e tem como sócias minoritárias a Fundação Copel, Fundação Sanepar, Funbep, Portus Seguridade e Regius Sociedade Civil de Previdência Privada. "Eles estavam oferecendo aos compradores um terminal de carga geral, mas trata-se de um terminal de congelados. Estavam vendendo gato por lebre", disse o superintendente da Appa, Eduardo Requião, que reclama da forma como o processo foi conduzido pela Previ. "Quando soubemos que ela queria vender sua parte, entramos em contato para saber o valor, porque estávamos montando um corredor de congelados no porto, mas a Previ manteve a caixa preta". Procurada, a Previ respondeu, por meio da assessoria de imprensa, que não falaria sobre o assunto por conta de acordos de confidencialidade firmados com os interessados no negócio. Ela confirmou o interesse em desfazer-se do terminal paranaense, que está registrado em seu balanço do ano passado por R$ 68,5 milhões. O Valor apurou que a proposta em análise prevê o pagamento de R$ 88 milhões por toda a operação. Os compradores querem ficar também com as participações dos outros sócios. Isso indica que os vendedores terão de reconhecer prejuízo no negócio, já que em recente ação judicial movida na tentativa de liberar a movimentação de cargas gerais no terminal, o advogado Guilherme Kloss Neto informou que os sócios investiram cerca de R$ 200 milhões no local. De acordo com o texto da mesma ação, as cargas congeladas respondem por apenas 15% do total movimentado e as outras, que estão proibidas, por 85%. "Já fazia tempo que queríamos tirar as outras cargas de lá, mas com a gripe aviária eles teriam problema, então adiamos a medida", disse Eduardo Requião. Segundo ele, "há outros grupos interessados em investir em Antonina para exportar carnes congeladas". Para que o negócio seja fechado, os compradores precisam da aprovação da Appa. A PCS, que teria interesse em transportar potássio de Antonina para o Sul e o Centro-Oeste do país, é dona desde 1999 da Fosfatos do Brasil, que fica em São Vicente (SP). Empregados da Fosfatos informaram que a negociação do Ponta do Félix está sendo tocada pelo empresário Marcelo Ferraz, da Fibra Participações, que opera em São José dos Pinhais (PR) um armazém da Perdigão. Ferraz evita dar detalhes da negociação, mas diz que além da PCS e da Fibra o consórcio comprador conta com a participação de outras empresas. "O negócio está acertado. Todos os pontos foram discutidos e estamos atrás de licenças e anuências", disse. Segundo ele, independente do resultado para a Ponta do Félix, para onde estão previstos investimentos de cerca de R$ 200 milhões entre aquisição e melhorias na estrutura, o consórcio estuda também ir para Santa Catarina, onde mantém conversas com o governo do Estado.
Valor Online - 02/06/2008 (retirado do site abaixo)
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